domingo, 23 de novembro de 2014

Creating Connections

Olá,

Gostaria de te convidar para acessar o site www.creatingconnections.info. Em breve teremos videos com legendas em português.

Lá estão exemplos de como trabalhar com gado de uma forma melhor usando Stockmanship ou "Nada nas Mãos" que é como chamamos a técnica.

Meu grande amigo e coach Dr Tom Noffsinger participa dos videos. Você verá como sempre podemos aprender se estivermos abertos a isso.

Depois me diz o que achou.

Paulo

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Onde encontrar o melhor Steak?

Eu diria que é na minha casa, mas isso geraria um enorme problema logistico e financeiro, pois carne bovina está um pouquinho cara e não vai baixar de preço por longo tempo. Então, acomodar meus amigos e você que está lendo este post, aqui em casa pode não ser uma boa idéia.

A solução é dividir com vocês meus lugares preferidos.

Steakhouse
Não há nada que se compare ao Varanda Grill. Lá você vai encontrar carnes de várias origens especialmente do Brasil, Uruguai e Australia. O menu degustação é arrasador e pode conter até seis cortes, uma delícia que deve ser apreciada com calma e em boa companhia. Outra coisa que eu gosto no Varanda, além das carnes, é o pão de queijo que vem na entrada. Não fiquem sismados, sei que o assunto é carne, mas comam o tal pão de queijo e me digam depois se eu não estava certo! Voltando às carnes meus cortes preferidos no Varanda são: New York Strip (alto, macio e suculento), Bife Ancho Uruguaio - o Sylvio importa carne de Novilhos 100% Black Angus terminados em feedlot por 150 dias (uma iguaria) e o inigualável Assado Gaúcho, que é um fraldão de arrebentar de gostoso. Posso ficar longo tempo sugerindo cortes e mais cortes, mas vai lá você mesmo e comprove.
Quero fazer uma menção honrosa ao Pobre Juan Campinas, que tem se superado no atendimento e na excelente carne - deve ser Swift Black. O lugar também é muito bonito. Lá você encontra a capa do filet feita separada do Entrecot (só ela), é um corte muito saboroso.


Hamburgers
Sou fã do Hamburguinho de Vinhedo, os caras sabem fazer um hamburger. Vale a pena. Mas preciso experimentar alguns de São Paulo, amigos me dizem que lá vou me deliciar, preciso de ajuda... Mandem suas sugestões. Nos USA é fácil comer um super hamburger, mas aqui precisamos procurar com calma, pois hamburger bom tem que ter carne e gordura e... só - nada de condimentos.

E onde comprar uma boa carne?


Entrecot Uruguaio da Intermezzo: feito aqui em casa 

Intermezzo Gourmet: (www.intermezzogourmet.com.br) Fique tranquilo em pedir, pois é a empresa que fornece as carnes do Varanda Grill, então... é show. Os hamburgers são fabulosos, recomendo o de Kobe Beef que é diferente, pois é feito de coxão duro de bovinos Wagyu. O Felipe, grande amigo e expert em carnes, junto com o Carlão que é um mestre na arte de preparar os melhores cortes, estão sempre à disposição para tirar dúvidas. Sem esquecer das especialistas em carnes que vão te atender quando ligar lá e te dar a melhor orientação. Isso é importante: não tenha receio de perguntar! Carne bovina apresenta muitas opções e escolher a ideal depende de uma boa assessoria. É como comprar Vinhos. Syvio Lazzarini é quem comanda a empresa e cuida de todos os detalhes, só isso já dá uma idéia do que você vai encontrar por lá.

No Ponto Carnes (www.carnesnoponto.com.br), fale com o Danilo, que sabe muito, e vai te dar as melhores dicas para o seu churrasco. Fica em São Paulo e é um lugar acolhedor. As carnes são fabulosas.


E no Supermercado?
Aí complica porque eu sou exigente e as marcas de carne no Brasil não costumam manter o padrão. Oscilam muito na qualidade porque não costumam selecionar os bovinos que originarão os cortes. A maioria das marcas de carne no Brasil separam carcaças (seleção pós-abate) e isso é um sério problema pois animais de diferente sexo, raça, regime alimentar, idade e procedência, podem ter o memo peso e acabamento (gordura subcutânea) e serem selecionados para estarem sob um mesmo rótulo.
Por isso em um determinado dia a carne está macia (animal jovem) e no outro, quando você compra carne da mesma marca ela está mais dura (animal mais velho). Além das variações de sabor e suculência que estão relacionadas ao regime alimentar, raça dos animais e ao manejo que eles receberam. É duro acertar. Mas há duas exceções - ao menos:

1) VPJ: carne originária de novilhas meio sangue F1 Angus x Nelore, com idade média de 18 meses ao abate e peso de carcaça entre 13 e 14@. É muito boa e a empresa é séria.

2) Swift Black: minha preferida, mas é difícil de encontrar. É da JBS e a base do projeto são novilhos castrados 5/8 ou 3/4 britânicos, terminados em confinamento por no mínimo 120 dias e com idade média de 24 meses. A carne tem cor vermelho vivo e sabor encorpado e diferenciado. É preparada em Lins e o confinamento fica a 20 minutos da planta frigorífica o que ajuda muito na qualidade da carne. Outra coisa importante desse projeto é a estrutura do confinemento e também do frigorífico. O confinamento é muito bem estruturado e o manejo é pautado em Bem-estar Animal, até o brete do curral é um diferencial (Silencer). O frigorífico tem uma estrutura moderna, um excelente controle de qualidade e ainda por cima maturam a carne por 21 a 28 dias. Um luxo. O problema é a escala, a JBS precisa aumentar a produção, porque hoje a maioria esmagadora dessa carne vai para os melhores restaurantes de SP e Rio de Janeiro e não chega às lojas de carnes. Mas acredito que isso mude em breve. Procure!

Onde mais?
Se você viajar para Nova York, opte por voltar ao Brasil pelo aeroporto de Newark. Lá você vai encontrar o Gallagher's (www.gallaghersnysteakhouse.com), que tem um contra-filet Dry Aged fabuloso. No aeroporto! Remarcable!

Dry Aged Beef: você pode ver os cortes sendo maturados na camara fria de vidro do próprio restaurante
Gallagher's Newark Airport

Boa sorte e bom churrasco!



Paulo

domingo, 7 de outubro de 2012

Mudança profissional

Desde o início de Setembro não estou mais atuando como consultor, iniciei em fevereiro de 1998 e tive um começo difícil como ocorre na maioria das vezes, pelo que já vi nessa vida.

Mas foi legal, lembro de um dia em 1999 em Goiás, para ser mais exato eu estava trabalhando em uma fazenda em Crixás e a semana estava sendo um pouco complicada. Eu não estava feliz e sentia saudades do meu trabalho na Rio Vermelho (que eu havia deixado porque queria ser consultor). Naquele dia um piloto de avião que estava também trabalhando na mesma fazenda percebeu que eu estava triste e me perguntou o motivo. Expliquei a ele que sonhava em ser consultor, que já estava nisso por um ano e meio e ainda não havia conseguido me equilibrar na atividade, tinha clientes mas ganhava pouco além de trabalhar em locais muito distantes. Devo ter dito mais, reclamado de tudo, mas ele calmamente me disse que eu deveria ter paciência e esperar mais um ano e meio. Disse-me que depois de três anos de atividade, tentando e me empenhando, as coisas dariam certo.

O mundo é muito grande...
De verdade, confesso que muitas vezes pensei em parar e arrumar um emprego, mas me lembrava daquela conversa e dos tais "três anos"e ia em frente. Bom, em 2001, quando minha carreira deslanchou coincidentemente ou não, fazia três anos que eu estava na batalha para me firmar como consultor em pecuária e depois minha consultoria evoluiu para Agronegócio como um todo. Monotonia nunca fez parte do meu trabalho...

Aí em 2011 parei de trabalhar e fui morar no Canada para aprender a falar inglês, que era algo que eu sonhava e não tinha tido a chance de fazer quando era jovem. Mudamos para Calgary para onde levei a família (Cinara e nossos dois filhos) e tive um ano muito bacana em um lugar tranquilo. Voltando ao Brasil, feliz da vida, recomecei a fazer consultoria, mas não estava me achando. Faltava alto. Eu queria mudança de novo, mas não sabia exatamente como fazer ou o que fazer.

Então em Agosto apareceu uma oportunidade na Merck Animal Health, empresa que eu já conhecia bem e que sempre esteve entre as que eu mais admiro. Tive a sorte de ser selecionado e contratado para trabalhar com um Mentor que eu respeito muito e com quem já estou aprendendo diariamente. O mesmo digo dos meus novos colegas que são profissionais de altíssimo nível, como a gente espera mesmo encontrar em uma empresa deste porte.

Concluindo, quero dizer que fechei a Vetor e que vai ser raro eu escrever nesse blog, pois a Merck tem ótimos canais de comunicação aos quais espero que vocês tenham acesso. Fiquem atentos a divulgação.

Bom, estou na Merck onde sei que posso fazer mais do que vinha fazendo porque a abrangência é muito maior e o time é fortíssimo.

Cordialmente,


Paulo E F Loureiro
br.linkedin.com/in/pauloefloureiro


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Novo post sobre Bem-estar Animal


Pessoal,

Postei novo video no canal Bem-estar Animal no youtube, sobre problemas no embarque de bovinos.

Segue o link:

Embarque de gado - problemas

Até breve,

Paulo

Tempo de mudança

 Pergunte-se: o que as grandes empresas de insumos, lideres em segmentos-chave do Agronegócio, estão fazendo para continuar no caminho bem pavimentado que trilharam nos últimos anos no Brasil?
Em alguns setores do Agronegócio, a até bem pouco tempo, algumas empresas tinham tamanha vantagem tecnológica que a distância das concorrentes era mantida com facilidade. Se você queria ter melhores resultados na produção, tinha que usar determinado produto pagando o preço que lhe era cobrado, sem discussão ou possibilidade de achar um similar no mercado.

Há três setores onde isso pode ser bem ilustrado: saúde animal, reprodução e nutrição.

Em saúde animal, a Merck quando lançou o Ivomec (Ivermectina a 1%) nos anos 80  abalou o mercado, pois o produto era revolucionário. A pecuária deu um salto de produtividade com o uso dessa droga que age sobre ecto e endoparasitas. Os pecuaristas obviamente adoraram e a empresa ganhou centenas de milhões de dólares comercializando o produto em suas várias versões. O Ivomec injetável para bovinos foi o produto mais rentável da indústria veterinária mundial. Em 1996 com a patente expirada outras indústrias passaram a produzir a droga e o preço evidentemente caiu bastante, diminuindo (sensivelmente) as margens dos laboratórios.

Em reprodução de bovinos isso fica nítido quando analisamos os preços históricos dos implantes reprodutivos para sincronização do estro (cio), que hoje podem ser encontrados facilmente, a um custo muito menor do que há dez anos. Os chamados Protocolos de IATF - Inseminação a Tempo Fixo. Nos nossos dias, há uma grande concorrência entre os laboratórios, uns apregoam o re-uso como vantagem, outros falam sobre a eficácia de seu protocolo, outros focam na facilidade de uso de determinada apresentação. Mas para quem vai comprar, em grande escala ou não, há mais opções para escolher a preços bem mais competitivos do que em anos recentes. São mudanças sem volta. Apenas um parêntese: Curioso nenhum laboratório focar em manejo do gado, pois é preciso trazer as matrizes várias vezes ao curral para aplicação do protocolo, para realizar as inseminações e para confirmação da prenhes e esses manejos muitas vezes são realizados de maneira equivocada ou, para ser bem sincero, com muita falta de conhecimento o que gera estresse grande do gado, baixando as taxas de concepção.

Voltando ao assunto, no caso do segmento de nutrição também ocorreu o mesmo fenômeno, especialmente no setor de nutrição para confinamentos, que é um mercado crescente. Na década passada se o pecuarista fosse iniciar um confinamento baseado em dietas de alto concentrado (alto volume de grãos em relação a quantidade de volumoso) as opções de empresas capacitadas a oferecer serviço e produtos de alto nível limitavam-se a duas ou três. Quem, aqui no Brasil, entendia realmente do assunto? Poucos, muito poucos. Dietas mais densas requerem mais expertise do Técnico que vai formular além de requererem produtos (núcleos e seus adjuvantes) biologicamente avançados e eficazes. Naquele ambiente de baixa competição, pela distância tecnológica entre as empresas do setor, vender era fácil para quem tinha o produto e o conhecimento.

Bom, hoje as coisas mudaram e os grandes confinamentos do Brasil estão focados novamente na questão do preço do núcleo, com poucas exceções. Já que várias empresas chegaram a um patamar similar de produtos (evolução tecnológica), considerando que há mais técnicos com experiência em formulação de dietas de alto concentrado e que as equipes dos próprios confinamentos se desenvolveram, por que não comprar por preço? É o mercado... A grande velocidade com que a informação viaja nos nossos dias, aliado a curiosidade e ao empreendedorismo dos empresários do Agronegócio brasileiro mudaram o cenário rapidamente trazendo muita competição e variadas opções para o produtor.

Eu poderia continuar citando exemplos e entrar no mercado de genética e de biotecnologia, pois tem acontecido o mesmo.

Desenvolver novas drogas é muito caro e muito lento. Há baixo investimento em R&D na minha opinião em todo o setor, e não vislumbro nada milagroso a curto prazo em nenhum desses segmentos. A não ser se olharmos para um novo mercado no Brasil que é o dos Beta-agonistas. Mas isso é outra história e merece um post à parte.

Essas mudanças conjunturais fizeram com que as grandes empresas passassem a lutar no corpo a corpo com as médias e pequenas, pelas melhores e maiores contas. Nessa estratégia de ação as "Grandes" levam certa desvantagem, pois tem uma estrutura administrativa que toma decisões de forma mais lenta e tem custos operacionais maiores.

Não há como escapar da verdade que quando a distância tecnológica diminui entre empresas de um mesmo segmento, outros atrativos e benefícios tem que ser criados para que os clientes sejam mantidos e para que a companhia possa ser atrativa para novos interessados (os não clientes). Do contrário o preço do produto vai direcionar a decisão de compra. As empresas devem inovar em serviços e em comunicação com os produtores, pois apenas o velho relacionamento não vai ser suficiente.

E qual a solução? Baixar os preços? Diminuir as margens ou literalmente pagar para trabalhar? Isso pode ser factível até certo ponto, depois levará a uma corrosão do caixa, menor investimento em pesquisa e em inovação, que conduzirão a empresa a uma espiral negativa de crescimento no médio prazo. Por favor, não tentam a solução fácil de investir em brindes. Aliás, nada contra a indústria de brindes, mas o pecuarista profissional prefere informação, treinamento de  equipes, melhores serviços e produtos confiáveis.

Olhemos adiante. A pecuária brasileira tem margens melhores que as dos nossos competidores internacionais e ainda entendo que temos muito a melhorar na gestão de nossas propriedades rurais. Acredito que a evolução técnica do Agronegócio do Brasil deve-se especialmente aos avanços em Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia, que tanto impulsionaram nossos índices de produção nas últimas duas décadas, aliada a uma enorme vontade de fazer melhor dos nossos pecuaristas.

A questão que levanto é que esse avanço técnico nas fazendas não foi acompanhado pelas áreas de Gestão e Estratégia. Esse é o nosso maior gargalo, sem esquecer da falta de representação adequada e do baixo investimento em marketing setorial.

Consequentemente, as empresas de saúde animal, de nutrição e por que não os frigoríficos, poderiam estreitar relacionamentos e ajudar na evolução da cadeia produtiva da carne investindo na qualificação dos produtores. Um extensionismo empresarial de alto nível.

Mostrar interesse no negócio do seu parceiro, cliente ou do seu fornecedor é um passo certo no caminho da fidelização e é a pavimentação de uma estrada que levará a mais negócios conjuntos.

Um abraço à todos,

Paulo





sexta-feira, 1 de junho de 2012

Transporte de Bovinos 2


Mais alguns detalhes sobre transporte de gado, vou abordar nesse post de forma bem concisa, os veículos de transporte.


Carreta de dois andares: muito usada hoje em dia. O problema do embarque está no desnível do piso inferior (há um degrau) e na rampa para o segundo piso que se não estiver em linha reta em relação à boca do embarcadouro, causará enorme transtorno no embarque.




Carreta de um andar: é
 a melhor opção no mercado do Brasil. Leva mais de 30 bois e é rápida para embarcar e para desembarcar. Não precisa de choque, infelizmente o sujeito da foto não pensa assim.




Caminhão boiadeiro: é versátil e fácil de embarcar, mas me preocupa a idade média da frota, que passa de 20 anos. Precisamos modernizar os caminhões e isso passa por política setorial. A desvantagem é que só leva de 16 a 18 bois gordos e encarece o frete.



Vou comentar um pouco mais sobre os problemas das carretas de dois andares, as campeãs em reclamações (por parte dos produtores brasileiros) devido a grande quantidade de contusões que geram nos bovinos transportados:


Há um degrau no piso inferior dessas carretas, o que faz com que os bovinos empaquem ao notá-lo. Quando isso acontece o manejador (ou o motorista da carreta) dá choques para fazer com que os animais desçam para o próximo compartimento. Na seqüência, há um outro compartimento que para ser acessado os bovinos tem de subir um outro degrau. Isto gera novo transtorno, pois os animais mais uma vez refugam e levam mais choques e cutucões.





desenho do piso inferior de uma carreta de dois andares


Para embarcar o piso superior há novo problema, pois muitas carretas têm a rampa de acesso posicionada de lado, obrigando os bovinos a fazerem uma curva para subirem. Estas rampas obrigatoriamente deveriam estar alinhadas com o embarcadouro.


Abaixo há fotos de carretas usadas na Australia e Estados Unidos. São carretas sem desnível no piso e no caso mostrado são conjugadas, o que facilita a conferência dos animais durante o transporte. Nesses veículos as operações de embarque e desembarque são rápidas e tranqüilas. O objetivo é preservar os animais e garantir a qualidade futura do produto carne bovina.







Enfim, o setor frigorífico brasileiro deveria investir ou incentivar o desenvolvimento de melhores carrocerias (gaiolas), pois o conforto do animal dentro do caminhão é fundamental para que as carcaças deixem de sofrer tantas injurias. Talvez uma ação conjunta entre frigoríficos, empresas que fabricam esses equipamentos e pesquisadores poderia levar ao desenvolvimento de carretas mais confortáveis para os bovinos. 


Os embarques e os desembarques devem ser rápidos e para que isso ocorra o design interno das carretas tem que ser amigável para os bovinos.

Até breve,

Paulo


Transporte de Bovinos para Frigoríficos




Normalmente o cálculo que se faz para decidir, qual o melhor caminhão para se transportar bovinos, é o da quantidade de animais que cada caminhão pode acomodar. O setor de logística e transporte muitas vezes não tem parâmetros diferentes para avaliar a não ser o custo do quilometro rodado considerando quantos bovinos estão sendo transportados ao mesmo tempo.



As contusões de carcaça, começam a acontecer no embarque, seguem ocorrendo durante a viagem e podem também ser ocasionadas no desembarque.
Entendo que alguns fatores podem ser adequados visando minimizar estes problemas, que podem variar de contusões leves a graves ou causar a morte do animal.
Em alguns trabalhos que fiz, sugeri a mudança da rota de viagem entre o confinamento ou a fazenda e a planta frigorífica, quando é possível a alternativa. Deixando de usar a estrada de terra, que pode ter distância mais curta, e optando pelas estradas asfaltadas. Ganha-se tempo. No asfalto o caminhão (ou a carreta) freia menos, o ritmo da viagem é mais constante e a velocidade média é maior o que aumenta a ventilação na “gaiola” e melhora o conforto térmico para os bovinos.
Conhecendo o Brasil e a infeliz situação de nossa estradas temos de dar novos parâmetros para a decisão da rota a ser tomada. O que importa não são os quilometros que o caminhão trafegará e sim quantas horas ele ficará na estrada. Quanto menos tempo o bovino ficar enclausurado no caminhão, menos água, eletrólitos e conteúdo rumenal ele perderá. Menor será o estresse e maior será a reserva de glicogênio que este animal terá, sendo este fator primordial para a qualidade da carne.
O ideal para o bovino é ficar até 8 horas em transporte, respeitando-se a densidade de carga ideal ao redor de 400 kg/m2, mas isso ainda depende de outros fatores. É apenas um direcionamento.

Para melhorar as condições dos bovinos que chegam às plantas frigoríficas, sugiro focarem em:
  • Redução do tempo sem água a que o bovino será submetido: trazendo o boi para o embarque o mais perto possível da hora de chegada dos caminhões. Essa deve ser uma ação coordenada entre fazenda e frigorífico.
  • Na qualidade e rapidez do embarque: o ato de embarcar é estressante para os bovinos. É fora da rotina. No dia do embarque o curral tem de estar em ordem, adaptado para os bovinos. A equipe de manejo tem de estar treinada, ter calma e evitar o uso de choques, de gritos e de ações improvisadas. 
  •  O tipo da carreta influenciará o tempo de embarque: caminhões e carretas de um andar são mais fáceis de serem carregados que carretas de dois andares. Entre as carretas de dois andares as que possuem escada ou rampa em linha reta com o embarcadouro são bem mais fáceis de embarcar que as que possuem escada “de lado”.
  • A viagem: O ideal é que a viagem do confinamento (ou da fazenda) ao frigorífico seja direto, sem paradas. Quando a carreta para, o calor dentro da gaiola (onde estão os bois) sobe muito, aumentando o desconforto dos animais. Evitar que o transportador pare é a melhor opção. Forneçam refeição de boa qualidade aos motoristas dos caminhões nas fazendas, antes de sair para o frigorífico. Dêem sucos, refrigerantes, enfim, façam com que eles tenham menor necessidade de parar. Reduzir o tempo de viagem é o objetivo, mas sem sacrificar o motorista.
Abaixo mostro uma estimativa de perda de peso em transporte baseado em diversos trabalhos científicos e na minha experiência profissional. A maior perda de peso ocorre nas primeiras três horas da viagem, mas segue ocorrendo até o final.
As perdas de peso e a queda na qualidade da carcaça se acentuam de acordo com o aumento no tempo de viagem.
Fatores como temperatura ambiente, condição das estradas, sexo dos animais, densidade de carga e o tempo sem alimentação e água podem acentuar ou diminuir estas perdas de peso.



550,00
KG
HORA 1
1,00%
5,50
544,50
HORA 2
1,00%
5,45
539,06
HORA 3
1,00%
5,39
533,66
HORA 4
0,30%
1,60
532,06
HORA 5
0,30%
1,60
530,47
HORA 6
0,30%
1,59
528,88
HORA 7
0,30%
1,59
527,29
HORA 8
0,30%
1,58
525,71
HORA 9
0,30%
1,58
524,13
HORA 10
0,30%
1,57
522,56
HORA 11
0,30%
1,57
520,99
HORA 12
0,30%
1,56
519,43
HORA 13
0,30%
1,56
517,87
HORA 14
0,30%
1,55
516,32
HORA 15
0,30%
1,55
514,77
HORA 16
0,30%
1,54
513,22
HORA 17
0,30%
1,54
511,68
HORA 18
0,30%
1,54
510,15
HORA 19
0,30%
1,53
508,62
HORA 20
0,30%
1,53
507,09
HORA 21
0,30%
1,52
505,57
HORA 22
0,30%
1,52
504,05
HORA 23
0,30%
1,51
502,54
HORA 24
0,30%
1,51
501,03






Kg perdidos
48,97



8,90%
Transporte de gado é um assunto complicado, mas para que as perdas diminuam os pecuaristas têm de se envolver mais e acompanhar o gado até o momento do desembarque no curral do frigorífico. Na chegada às plantas de abate, muitas vezes chegam vários caminhões ao mesmo tempo o que pode levar a longas esperas para desembarcar, prejudicando ainda mais o estado dos bovinos transportados.
Um abraço,
Paulo